* Quando questionados sobre a percepção de viver dentro de um sistema de forças delimitadas pelas relações de poder, os entrevistados na sua grande maioria (90%) afirmaram perceber, nas suas diferentes dimensões, a força, a hierarquia e a tensão nos nossos relacionamentos. As relações pautadas pelo poder são uma das características observáveis na nossa sociedade, desde suas células básicas na família, até suas implicâncias na organização institucional e política do Estado;

* É interessante que um 15% observasse que o poder está em transformação e que sua estrutura está sofrendo mudanças importantes dentre as quais a maior pode estar na percepção de que o poder também está na ponta (tanto nos operadores como nos gestores) ou nas massas populares, antes tidas como meramente influenciáveis. Contudo, este é um tema que abre diversas possibilidades de debate e cuja tradução longe de ficar esgotada com sua identificação, se amplia na medida em que nos coloca diante de diversos cenários interpretativos que têm no poder e em suas relações um objeto reconhecidamente interessante de trabalho. Cabe, como uma aproximação ao tema, somente delimitar algumas características de percepção. Uma delas, a mais importante, é que ela é real. Outra, que ele está mudando;

* A associação que foi feita entre as palavras (conceitos) poder e hierarquia é uma mostra do entendimento que fazemos sobre o nosso Estado de direito, sobre a ordem social, sobre o respeito à autoridade. De certa forma considerar, como fazem 11% dos entrevistados, que poder e hierarquia são importantes para garantir a ordem nos remete a própria organização do nosso sistema de relações que se inicia na família, e tem nela o principal objeto de referência quando se alerta que há indevidamente uma falta de respeito pela autoridade do pai ou da mãe. Com 11% observamos que existe preocupação no novo papel da autoridade familiar onde as relações de poder parecem ter mudado.